REDE DO INDIVIDUALISMO

Sentada num banco da praça, à sombra amena das árvores, um alívio nesses dias de canícula que acabamos de atravessar, a velha senhora dizia para outra a seu lado: “Eu gosto de ver a família inteira reunida para o almoço. Botar todos os pratos na mesa, sentar todo mundo em roda e comer todo mundo junto”. Fez uma pausa e suspirou: “Mas não tenho esse gosto. Lá em casa, um pega o prato e vai comer na sala. Outro pega o prato e vai ver televisão no quarto. Outro vai sentar lá fora. Um fica na cozinha, outro não sei mais onde”. Suspirou outra vez e arrematou: “É uma tristeza”.

Muitas vezes é bom ser antiquado. Hoje, no lugar da conversa em família, a conversa com um ser distante, com os recursos cada vez mais absorventes trazidos pela tecnologia de comunicação, parece ser mais atraente. Essa rede é chamada de “rede social”, mas bem poderia ser chamada de “rede do individualismo”. Amar o próximo está ficando mais difícil. O distante não tem cheiro, não tem voz chata, não olha de atravessado. É de certo modo um ser virtual. Amar o próximo, ser de carne e osso, na nossa frente e ao nosso lado, parece ser a virtude que mais necessita ser cultivada hoje em dia.

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