Era uma vez um jacaré que morava na lagoa.
Perto da lagoa morava um homem.
Cada vez que o homem ia nadar na lagoa o jacaré batia com o rabo na água e fazia: Nhaque! Nhaque! Nhaque!
Aí o homem saía correndo, morto de susto.
E dizia: – Deixa estar, jacaré. Um dia a lagoa vai secar.
O jacaré dava uma gargalhada com aqueles dentões que pareciam uma serra.
Onde já se viu a lagoa secar? Ela nunca tinha secado.
Mas aí passou um tempão sem chover. E a lagoa secou. O fundo da lagoa virou terra rachada.
O jacaré não ficou esperando para morrer de sede. Foi andando, andando, andando, até encontrar outra lagoa.
Ficou morando ali.
O homem não tinha mais lagoa para tomar banho.
E também saiu procurando outra lagoa.
Quando chegou lá, adivinhem quem ele encontrou?
O jacaré.
Ele espalhava água com o rabo e fazia: NHAQUE! NHAQUE! NHAQUE!
Para poder entrar na água, o homem teve uma ideia.
Foi até a mercearia e comprou uma dúzia de ovos.
Então, enquanto o jacaré comia os ovos, o homem podia nadar à vontade.
Mas era só o homem se esquecer de comprar ovos, o jacaré não perdoava.
Fazia uma barulheira na água e batia os dentes: NHAQUE! NHAQUE! NHAQUE!
E o homem dizia:
-Nunca vi um jacaré gostar tanto de comer ovo.
Só que o homem e o jacaré acabaram ficando amigos.
Um dia, quando estava voltando para casa, o homem olhou para trás e viu o jacaré atrás dele, que nem um cachorrinho.
O homem chegou em casa e o jacaré parou na porta, olhando, com vontade de entrar.
O jacaré estava tão triste que o homem teve pena dele.
E deixou o jacaré entrar e dormir debaixo da cama
Só que não podia mais guardar ovos dentro de casa. O jacaré abria a geladeira e engolia todos.
Fora isso, os dois se deram bem.
E continuaram morando juntos até hoje.
FIM
José Clemente Pozenato 