O JACARÉ DA LAGOA – PARTE 2

Um dia o homem notou que o jacaré andava meio aborrecido. Ele se enfiava embaixo da cama e ficava ali, de olhos tristes.
Nem quando o homem chegava com uma cesta de ovos bem fresquinhos o jacaré saia do seu canto. Devia estar com saudades da lagoa.
O homem teve então uma ideia:
-Vou levar o jacaré a passear. Quem sabe assim ele se anima um pouco.
Perto havia um parque, com árvores enormes, muita grama e muita sombra. Verdade que jacaré gosta é de sol bem forte, mas ele podia ficar pegando sol, se quisesse.
Se agachou perto da cama e convidou o jacaré para um passeio no parque. Os olhos do jacaré chegaram a brilhar.
– Só tem uma coisa – disse o homem – nada de fazer “nhaque! nhaque! nhaque!” e bater com o rabo para assustar as pessoas.
O jacaré saiu de debaixo da cama, batendo o rabo e fazendo “nhaque! nhaque! nhaque!” Depois deu uma gargalhada com os dentões de serra. É claro que ele estava só brincando.
Na entrada do parque encontraram um guarda, que perguntou:
– É seu, o jacaré?
– Não – respondeu o homem bem sério – ele é quem manda em mim.
– Sem brincadeira – disse o guarda.- O jacaré não entra no parque. Vai assustar as pessoas.
Mas, enquanto isso, chegaram perto um menino e duas meninas. E começaram a conversar com o jacaré:
– Eu sou o José Guilherme!
– Eu sou a Sabrina! Pode me chamar de Sassá.
– E eu sou a Duda!
O jacaré abriu o bocão e mostrou todos os dentes. Mas não era para morder. Ele estava era rindo de contente.
– Tem um lago aqui no parque – disse o menino.
– Vem que a gente mostra – convidou a Sassá.
O jacaré não esperou outro convite. Fez “nhaque! nhaque! nhaque!”, de tão faceiro, e foi atrás deles.
O guarda ficou olhando de boca aberta, quase do tamanho da boca do jacaré, e nem se mexeu.
O homem seguiu atrás das crianças e do jacaré e chegaram onde era o lago. Aí, não precisou ninguém fazer convite. O jacaré se jogou dentro, esparramando água para todos os lados.
Em poucos minutos, todo o mundo que estava no parque veio correndo e ficou ao redor do lago, rindo e batendo palmas.
O jacaré tinha virado o artista do parque.
FIM