A chave e a mão

Tem a palmeira a chave de si mesma? 

Sabe o pássaro onde a sua porta? 

Em que pedra ou caverna  

deverei cavar minha chave? 

Enquanto apenas conjeturo  

vou batendo em portas fechadas 

com seu mistério particular: 

o dente cravado na gengiva 

o azul de certos olhos 

o grosso cimento de tua casa 

as verdes batatas enfileiradas 

(como letras de um poema antigo). 

Canta a árvore no jardim,  

o pássaro dentro dela reverdece em cores, 

a escada sobe, o guindaste a ultrapassa, 

o guerreiro destrói a espada 

e dela faz belíssima granada. 

Em todo esse tempo procuro a chave  

ou a mão em que ela se esconde 

dissimulada entre dois dedos. 

(1959) 

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