Há quem entenda que um escritor nunca deva dizer de suas intenções, e que o trabalho de descobri-las compete ao leitor. Mas tantos perguntam sobre o que pretendi alcançar com a minha obra que não fujo de dizer quais as minhas intenções, ou o que penso sejam elas. Ao definir o projeto (tratou-se de fatoContinuar lendo “AS INTENÇÕES DO AUTOR”
Arquivos da categoria: literatura
A QUARTA IDADE
Norberto Bobbio, o grande jurista e filósofo do Piemonte, escreveu aos 85 anos um livro com o título De senectute (isto é, “Sobre a velhice”), que foi publicado em português com o título aguado de Tempo da Memória (1997), ou para evitar o latim, talvez demasiado erudito para os novos, ou para não ferir suscetibilidadesContinuar lendo “A QUARTA IDADE”
A IMPORTÂNCIA DA CRÔNICA
Numa entrevista que concedeu à televisão, o poeta Drummond de Andrade foi perguntado sobre sua outra faceta literária, a de cronista. Que importância dava o escritor para a crônica de jornal, quis saber o entrevistador. Para surpresa de quem lê seus versos contidos, de poucas palavras, Drummond se tornou de repente loquaz, em tom deContinuar lendo “A IMPORTÂNCIA DA CRÔNICA”
TRÊS CONTOS – 3
A CAMA Recostada, imóvel em meio aos travesseiros, a velha senhora parece uma fotografia antiga. Não por qualquer outro motivo, apenas porque dá a impressão de estar ali desde sempre, e de que nunca mais sairá daquela posição. Como a imagem captada por um fotógrafo, entre as quatro linhas da câmara de luz, está aliContinuar lendo “TRÊS CONTOS – 3”
TRÊS CONTOS – 2
UMA MENINA É um domingo de sol brilhante, de primavera. Mas o inverno não se desfez de todo. O vento que varre as nuvens e algumas folhas secas pela calçada é ainda frio. Apesar disso, o ar das pessoas, ou por causa do sol, ou do domingo, ou de ambos, é quase de festa. EncostoContinuar lendo “TRÊS CONTOS – 2”
A MURALHA DA MAESA
Fui convidado há algum tempo para acompanhar uma visita técnica ao prédio da Maesa. A maior parte do grupo de especialistas só conhecia a fábrica do lado de fora e tinha, portanto, uma ideia superficial do conjunto. A primeira surpresa foi ver lá dentro um lago, cercado de árvores, muitas delas carregadas de frutas. NoContinuar lendo “A MURALHA DA MAESA”
TRIGO E MILHO
A primeira imagem que tive da Romênia, quando o avião desceu no aeroporto de Bucareste, foi a de uma planície de trigais recém-colhidos, a perder de vista. Entre eles, tiras de cor verde que, mais perto do chão, deu para ver serem plantações de milho. São as duas culturas principais dos campos romenos. No inícioContinuar lendo “TRIGO E MILHO”
REDE DO INDIVIDUALISMO
Sentada num banco da praça, à sombra amena das árvores, um alívio nesses dias de canícula que acabamos de atravessar, a velha senhora dizia para outra a seu lado: “Eu gosto de ver a família inteira reunida para o almoço. Botar todos os pratos na mesa, sentar todo mundo em roda e comer todo mundoContinuar lendo “REDE DO INDIVIDUALISMO”
TRÊS CONTOS – 1
Essa coisa começou num sábado à tarde. Eu tinha acabado de ler A Revolução dos Bichos, um livro beleza, que todo mundo devia ler. Ele mostra como o poder faz mudar a cabeça de quem chega lá. Fui à biblioteca da cidade para trocar por outro e só estava a recepcionista. O resto da cidadeContinuar lendo “TRÊS CONTOS – 1”