O limpo som das trombetas de prata; e nos cravos surdinamente as teclas soando como em toneis de carvalho o som da madeira.
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Do far niente
Enquanto a água escorre do telhado vou catalogando lousas e cousas: a filosofúmena de hipólito o torso arcaico de apolo que furtei a rainer maria rilke junto com outras miudezas teorias de poetas frustrados poesias de não-teóricos píndaro e aristóteles.
O poeta do “Cântico das Criaturas”
Quando saí de São Francisco de Paula para entrar no Seminário Menor em Caxias do Sul, deparei com outro São Francisco: o de Assis. Ocorre que o Seminário era na época dirigido pela ordem dos Capuchinhos, e o dia de São Francisco de Assis, a 4 de outubro, era a data mais festejada do ano, comContinuar lendo “O poeta do “Cântico das Criaturas””
CANÇÃO VELHA
Na manhã veludosa Saborosa De primavera brasileira Brincam as andorinhas. Andorinha brasileira nunca quis ser estrangeira. Sempre sobra mesmo no inverno um pouco de primavera para as andorinhas e os apaixonados.
Frótola: um gênero de poesia
Frótola foi uma das palavras que aprendi à medida em que era iniciado na fala do Talian. Pelo que captei nas conversas, ela podia significar “piada” ou “anedota”, mas também “mentira”. O Dicionário Vêneto Sul-rio-grandense, de Alberto V. Stawinski (na época o Talian ainda era chamado de Vêneto), traz esta definição: Frótola, s.f., piada, chalaça, dito zombeteiro, lorota.Continuar lendo “Frótola: um gênero de poesia”
Mario Quintana e seus quintanares
Mario Quintana (1906-1994) foi outro poeta enfeitiçado pelo outono, na trilha de Paul Verlaine. Escreveu até um poema com o mesmo título, Canção de Outono. E também este Hai-Kai de Outono: “Uma borboleta amarela? Ou uma folha seca Que se desprendeu e não quis pousar?” A palavra “quintanares” é um neologismo inventado pelo poeta Manoel Bandeira, num poema deContinuar lendo “Mario Quintana e seus quintanares”
EPIGRAMAS (1962)
Do ensino A maneira mais segura de um segredo guardar é fechá-lo num cofre ou em aula o ensinar
“Canti Rústeghi”: poemas tecidos em Talian
Resgatar e preservar a língua dos imigrantes passa pela reedição de obras cruciais A Língua Absolvida é o título de uma das obras mais bonitas de Elias Canetti. O autor escreveu também o livro Massa e Poder, com o qual mereceu o Prêmio Nobel, livro que, como costumo dizer, é um dos dez que eu guardaria comigoContinuar lendo ““Canti Rústeghi”: poemas tecidos em Talian”
EPIGRAMAS (1962)
Da chatitude Chato chato chato tábua, cachorro esmagado, barata metida em fresta sem relevo, chato inteiramente lâmina estendida no chão quadro sem pintura papel sem inscrição tapete posto ao comprido chato e raso e plano lagoa de água parada espelho embaciado e cego prego mil vezes batido parede nua, o chato essência e essencial.
Noturno
à noite chegam os animais temidos e se apossam da face da terra. Uivo algum atravessa o espaço e no entanto a alma se oprime. Nenhuma palavra pode ser dita. A nosso lado está o cavalo. Há um tremor na suada garupa e como nós não consegue fugir. (1960)