Em meu romance O Quatrilho, coloquei como baliza inicial da trama a opção de um casal entre ir para “as colônias novas”, ou encontrar outro ramo de atividade que não a do cabo da enxada. Não foi uma situação inventada por mim. É que eu acabava de assistir a uma mesa redonda em que se falou que no inícioContinuar lendo “Migração com bagagem cultural”
Arquivos da categoria: Cotidiano
Quem eram os birivas
Nascido nos Campos de Cima da Serra, desde menino conheci os birivas, e até certo ponto convivi com eles. Mas só me dei conta de como o jeito deles era diferente quando vim estudar em Caxias do Sul. Nesta cidade, por um fator cultural que demonstrei na obra O Regional e o Universal na Literatura Gaúcha, o cultivoContinuar lendo “Quem eram os birivas”
As marcas de ferro
Guilhermino César foi um mineiro que estudou o Rio Grande do Sul mais do que ninguém. Além da História da Literatura do Rio Grande do Sul (Editora Globo, 1956), sua obra mais conhecida, escreveu também História do Rio Grande do Sul. Período Colonial (Editora Globo, 1970). Nesta segunda obra, ele nos revela a história do uso das marcas de ferro noContinuar lendo “As marcas de ferro”
Tabuinhas para o telhado
As tabuinhas – scândole, na língua Talian – foram uma solução para a cobertura das casas desde o início da imigração italiana na Serra Gaúcha. Eram feitas manualmente, rachando toras de madeira, quase sempre de pinheiro, à força de machado. Seu Loca, natural de São Francisco de Paula, e que trabalhou em serrarias de Bom Jesus a partirContinuar lendo “Tabuinhas para o telhado”
Os operários da madeira
O ciclo da madeira deixou marcas profundas na memória dos que trabalharam nas serrarias à margem do Rio Pelotas. Memória que foi recolhida por uma pesquisa dos elementos culturais dessa região, pelo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da UCS. Seu Honório, morador de Pinhal da Serra, descreve em detalhes como era feito o transporte das torasContinuar lendo “Os operários da madeira”
A vida nas serrarias da Serra
Nasci e passei minha primeira infância perto de uma serraria, em Santa Teresa de São Francisco de Paula. Meus vizinhos e amigos mais próximos – o Darci, o Andi e o Neri – eram filhos do chefe da serraria. O proprietário, me diziam eles, era um certo Muratore da cidade de Taquara. E o pai de meus amigos,Continuar lendo “A vida nas serrarias da Serra”
Antigos saberes de cozinha
Uma pesquisa de campo foi realizada nas duas margens do Rio Pelotas, que faz divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na virada do século, pelo IMHC da UCS. Foram encontradas muitas preciosidades nos hábitos culturais dessa região, dignas de figurar no museu da memória. Uma dessas pérolas é a dos saberes escondidos no espaçoContinuar lendo “Antigos saberes de cozinha”
A coberta da alma
Quem leu minha novela policial O Caso da Caçada de Perdiz, ambientada nos campos da Vacaria, deve ter ficado no mínimo se perguntando em que se baseia o episódio do capítulo 9, que leva o título de “A coberta das almas”. Se alguém imagina que foi tudo invenção do autor, está se enganando. A cena inteira éContinuar lendo “A coberta da alma”
Viva a bela polenta!
A anunciada realização de uma Festa da Polenta em Monte Belo do Sul, na 11ª edição do Polentaço, traz à tona mais um patrimônio cultural trazido pelo imigrante italiano. A história da polenta na Itália merece um longo tratado. Começa com a chegada do granturco, ou granoturco, aqui conhecido como milho, pelo porto de Veneza. “Turco” não significava que provinhaContinuar lendo “Viva a bela polenta!”
Paglioli e os falantes de ‘hunsrückish”
Nas colônias de imigração alemã, em todo o sul do Brasil, e também no Espírito Santo, era falado um dialeto alemão com forte influência do português, fenômeno linguístico semelhante ao que deu origem ao Talian nas colônias italianas. Como o Talian, também a língua das colônias alemãs foi reconhecida pelo Iphan como patrimônio das línguas de imigração, com oContinuar lendo “Paglioli e os falantes de ‘hunsrückish””